segunda-feira, 17 de março de 2008

As mídias móveis e a produção artística


Aconteceu em novembro do ano passado, na cidade de Belo Horizonte (MG), a segunda edição do Telemig Celular Arte.Mov. Com dois dias de duração, o evento buscou a amostra e divulgação do trabalho artístico audiovisual para mídias portáteis, incluindo premiação para os melhores. Além disso, contou com debates a respeito de temas relevantes e produção para celulares, palms e GPS. Já com previsão para a realização da terceira edição este ano, o objetivo principal do evento é consolidar a relação com a cena local, nacional e internacional, assim como abrir espaço para discussões sobre as tendências das artes para mídias móveis.

Segundo a revista elaborada pelo próprio evento, uma grande parte da produção artística e audiovisual que chega aos celulares e iPods preza a conveniência de haver uma tela disponível a qualquer momento, sem levar em conta tantas outras ferramentas à disposição em tais aparelhos. O intuito, na realidade, é modificar tal preferência. Uma forma de fazer isso é dar espaço a artistas que transformam a realidade das cidades através da arte nos aparelhos portáteis, e não apenas contribuem para uma estética despojada e atraente (mas sem muita utilidade) de tais mídias.

Exemplo curioso de tal transformação é a forma como os celulares vêm sendo usados na África. Por ser de acesso considerado facilitado, o celular permitiu que setores da sociedade que até então eram excluídos culturalmente pudessem ter acesso à cultura digital, engajando-se nela. O livro “Moving Cultures”, de André H. Caron e Letizia Caronia, traz ainda outro exemplo: a forma como a sociabilidade entre os jovens foi alterada a partir da mídia móvel. Dessa forma, além de transformação cultural de uma nação, a tecnologia participa também de transformações sociais. Isso ressalta o fato da importância que os artistas e a sua produção possuem, ao desenvolverem novas formas de interação sócio-cultural dentro de uma região.

A definição de arte afirma que “para um objeto ser artístico, ultrapassa o utilitário. Isto significa que satisfaz os cinco sentidos (visão, audição, olfato, paladar e tato), o espírito (a inteligência) e o coração (a emoção).” É através de toda essa interação que trabalham os artistas, também no campo das mídias móveis. Faz-se necessário, portanto, abandonar as impressões apenas estéticas e obsoletas, havendo o empenho na produção de uma arte com conteúdo, como é o intenção de tal evento.

As produções audiovisuais vencedoras dos dois anos de evento podem ser conferidas através do site
http://www.artemov.net/, na sessão “acervo”.

Fonte: http://www.artemov.net/

Por: Paula Nogueira

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